sábado, 7 de setembro de 2013

CONTEÚDO EXTRA - PROF. ANA CLÁUDIA TASSI AMÂNCIO

Mercados segmentados e seu novo consumidor

     A forma de expressão mais utilizada para demonstração das escolhas, ou do pertencimento de grupos de status é a denominação do estilo de vida, escolhido por cada indivíduo. Atualmente essa expressão está em evidência e na cultura de consumo contemporânea é a prova de um raciocínio de individualidade, auto expressão e uma consciência estilizada do homem.

“se a cultura é o sistema de significação através do qual uma ordem social é comunicada, reproduzida, experimenta e explorada, a moda, vestimenta e ornamento podem ser conceituadas como algumas das práticas cotidianas mais significativas (junto com as artes, filosofia, jornalismo e publicidade, por exemplo) para formar a cultura como um sistema geral de significados. Moda e vestimenta são algumas  das formas em que a ordem social é experimentada, explorada, comunicada e reproduzida. (Barnard, 1981, p.13)
           
        A definição do estilo de vida é demonstrada na forma que cada indivíduo conduz suas escolhas e preferências. Conhecemos o que cada um é ou deseja ser através da comida, bebida, a casa, o carro, a opção de férias e etc. Esse comportamento foi alterado através da necessidade que a sociedade apresentava contra a conformidade perante o comportamento proposto na década de 50. Conhecida como a era do conformismo que oferecia aos indivíduos um mercado de massa sem muita originalidade. (Featherstone, p.119)
            A sociedade no decorrer dos anos, sofreu várias mudanças no comportamento perante o consumo. Uma nova posição foi adotada socialmente, onde os indivíduos não se preocupam mais na adoção por grupos de status fixos. Essa fase, segundo Featherstone denominada como cultura tardia, definiu-se com base numa abundância de informações e imagens que se misturam e multiplicam-se provocando um mix de informações sem regras e divisões sociais fixas.
             O consumo no final século XX seguido das mudanças no comportamento do consumidor proporcionou uma situação de maior controle e manipulação do produto. Já que, com a satisfação das necessidades em eterna expansão do indivíduo cria-se um ambiente de maiores oportunidades com um curto tempo de vida.
            O vestuário é considerado como um bem simbólico utilizado pelo indivíduo, onde a indústria cultural utiliza juntamente com a mídia como forma de manipulação. Essa exploração acontece devido ao reconhecimento que o individuo tem ao adquirir um bem simbólico, que está vinculado algum conceito proposto pela indústria cultural como revistas, filmes ou nos astros da música pop e cinema. Ao adquirir o produto vinculado, a propaganda oferece ao individuo não somente o “produto” e sim o glamour representado pelo artista ou situação proposta (reflexão baseada nos textos de ENZENSBERGER, Hans Magnus. Elementos para uma teoria dos meios de comunicação. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978, p.122 e seguintes).
            Segundo Featherstone, esse novo ambiente para o consumo derivou-se da influência proporcionada principalmente no pós Fordismo, que entre os século XX e XXI originou-se novos mercados consumidores e também a iniciativa para a educação de novos emergentes para o consumo rápido. (1995, pág.32)
            Essa educação foi explorada pela mídia e publicidade que utilizaram de várias formas de produções para a idealização da imagem para determinado produto. Apesar de a discussão seguir para o caminho que a mercadoria perde sua força principal, a da sua utilidade real, para duplicações de papéis sendo na maioria das vezes ilusórias.
            Segundo Embacher:

“... enquanto na infância vestimos muitas vezes ditadas pelos nossos pais, quando crescemos queremos expor liberdade e repor nossa identidade, buscando estilo próprio, ou seja, através das roupas é que podemos nos identificar melhor quem somos ou queremos ser.” (2004)           

            A transformação dos produtos básicos e mundanos, como um sabão em pó ilustrado pelo cantor sertanejo famoso da época, por um produto que além de lavar proporciona uma sensação extra da valorização do ato rotineiro de ser dona de casa, é comum e frequente nas propagandas. Essa condição proporciona ao produto associações ligada a exploração do exotismo, beleza, desejo, realização, comunalidade entre outros. (1995, pág.32)
            Os produtos acabam alterando seu processo de criação de produção reprodução para a intensificação de signos, imagens, valorizando o papel cultural e deixando de lado a produção materialista. O consumo não apresenta mais distinção entre a realidade e imagem, cria-se um ambiente onde o produto é inserido e repassado ao consumidor como a realização dos seus desejos relacionados à determinada situação.
            Nasce uma cultura segundo Featherstone, sem regras. Não existem mais direções pré-definidas para a arte e a criação, a cultura torna-se como ele argumenta, pós-cultura, onde suas definições não se baseiam mais na distinção entre vida cotidiana e arte, cultura de massa e alta cultura. Todos os meios são explorados e utilizados a fim de propor uma situação ao produto, que vai além do seu valor real de utilização.
            Essa pós-cultura ou cultura pós-moderna proporciona uma multiplicidade de opções envolvendo o consumidor a relacionar todo o consumo, desde o produto mais banal até o produto mais luxuoso, a realização plena dos seus desejos. (1995, pág.25)
            A sociedade apresenta vários tipos de consumidores que se diferem principalmente pela sua classe social pertencente, porém, existem ainda aqueles indivíduos que promovem a distinção através do conhecimento que possuem. Não basta apenas apresentar um novo produto no mercado, e sim saber exatamente qual público quer atingir. É necessário que o produto seja inserido no mercado, de alguma forma demonstrando a maneira correta de usá-lo e promovê-lo entre as pessoas do convívio comum.
            Nesse cenário se encaixa um grupo de emergentes que possuem conhecimento e valores sócio-culturais diferenciados da massa, e que tem como responsabilidade inconsciente de promover produtos novos e despertar no outro a vontade de usa-los. Esses consumidores não exercem essa função como emprego e sim como rotina e proposta de estilo de vida. Eles apresentam comportamento vanguarda e são lançadores de tendências, vindos de classes médias  e altas utilizam da informação para diferenciar-se dos demais. Suas principais fontes são jornais, livros, teatros e cinemas, programas de rádio e televisão enfim todos os meios envolvidos ao consumo que ajudam no progresso em seus conhecimentos.
            Esses indivíduos são chamados de novos intermediários culturais e apresentam comportamento fiel aos seus ideais e seu consumo demonstra sua real opinião sobre o estilo de vida e produtos escolhidos. Obtendo propriedades adequadas para usá-los de forma correta. (Featherstone, 1995, pág. 38)
            Pode-se apontar como fase principal na descentralização das tendências  no comportamento de moda, o final da década de 1960. Com essa desordem cultural, surge uma nova profissão no mercado: os bureaux de estilo. Profissionais responsáveis de “unir” todas as informações desse meio. Eles, dois anos antes da comercialização das peças confeccionadas, consultam os designers de tecidos para prever os tipos de tecidos e cores que serão utilizados. Alguns meses antes da criação da coleção, esses profissionais recolhem as informações de comportamento ao redor do mundo com a intenção  de propor cada vez mais peças que satisfação por completo o indivíduo. (Crane, pág.)
            Na década de 1960, os estilos surgidos na França diminuíram, pois começaram a surgir diversos novos estilos em outras grandes cidades e a divulgação da mídia já era bem forte na época. Um exemplo importante foi o estilo hippie que representou na indústria – não só nos Estados Unidos, mas na Europa também – a chegada de um candidato forte a conquistar a imaginação do público. Isso significava que estilos de roupas totalmente opostos poderiam existir juntos, mostrando que as regras antes impostas para o vestuário não eram tão necessárias como aparentavam.
             As pessoas eram livres para escolher o tipo de roupa que queriam e podiam se identificar com diversos estilos diferentes e não mais com uma classe social como um todo. A televisão foi um importante aliado para difundir esse novo pensamento que consistia em identificar os grupos de pessoas por comportamento social e/ou cultural e não mais por seu valor aquisitivo.
            Segundo Crane, desde o surgimento do estilo esporte proposto algumas décadas atrás, com preços menores e um estilo informal a moda alterava seu trajeto entre os consumidores. Além do uso de tecidos mais baratos as peças apresentavam parte mutáveis, como golas, laços e ajustes para serem regulados de acordo como a consumidora desejasse e senti-se mais confortável.
             Inicia-se a ideia de “participação” da própria pessoa que vestia a roupa em alterar suas peças de acordo com seu gosto e/ou conforto. Alguns anos depois outro americano, Halston, utilizou-se desta mesma filosofia e afirmou que quem faz a roupa são as mulheres que a usam e não os criadores. Significando que mais importante que o estilo como um todo é a expressão individual. (Diane Crane)

            Dentro desse contexto, de um mundo estetizado, os indivíduos percorrem pelo trajeto trabalho, casa, escola por uma cidade que o inspira para o consumo e não deixa aquele sonho de ser ou ter algo melhor morrer. Através dessa tática de total convencimento visual, as lojas de departamentos, galerias, bondes, ônibus, espaços públicos exploram com propagandas que mudam constantemente tema e que alimentam a necessidade de consumir do indivíduo em diversas situações e estilos. Onde o produto deixa de ser algo tátil e ocupa o lugar imaginário no consciente do consumidor.

BIBLIOGRAFIA:

*LIVROS E ARTIGOS:
-         CAMPBELL, Collin, 1940- “A Ética romântica e o espírito do consumismo moderno/Collin Campbell; tradução de Mauro Gama.- Rio de Janeiro: Rocco,2001.- (Artemídia).

-        CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e cidadãos. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 1995.

-         CRANE, Diane. “A moda e seu papel social, classe, gênero e identidade das roupas/Diane Crane; tradução Cristina Coimbra – São Paulo: Editora Senac, 2006”.

-        FEATHERSTONE, Mike. Cultura de consumo e pós-modernismo. São Paulo, Studio Nobel, 1995.

-        ERNER, Guillaume. Vítimas da moda?: como a criamos e por que a seguimos?, SãoPaulo: Editora Senac, 2005.

-        HALL, Stuart. “A identidade cultural na pós-modernidade”; tradução Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro – 10 ed. Rio de janeiro. DPA&A, 2005.

-        HARVEY, David. A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola, 1989.

-        LIPOVETSKY, Gilles, 1944- O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas/ Gilles Lipovestsky; tradução Maria Lucia Machado. -  São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

-        LIPOVESTSKY, G. & Charles, S. (2004). Os tempos hipermodernos (M. Vilela, Trad.). São Paulo: Barcarolla.

-        MIRA, Maria Celeste. O Leitor e a Banca de Revista. São Paulo: Olho D´Água, 2001.

-    McCRACKEN, Grant: Novas abordagens ao caráter simbólico dos bens e das atividades de consumo/ Grant McCracken; tradução Fernada Eugenio – Rio de Janeiro: MAUD, 2003

-        ORTIZ Renato. Mundialização e Cultura, de São Paulo: Brasiliense, 1994.

-        PALOMINO, Erika. A Moda. 2ª ed. São Paulo: Publifolha, 2003

        - MIYAKE,  Dario Ikuo, Reportagem: Upgrade, Revista Virtual: Vanzolini, em foco. Ano XIV, nº 63, Julho/Agosto de 2006 in http://portal.vanzolini- ead.org.br/siteBuilder/upload/br/site_147/arquivos/secao_1024/EmFoco_ed63.pdf

      - BALDIN, Anderson: Customização em massa, Diretório de artigos gratuitos -  Supply Chain Management , 23/02/2008 in www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/supply-chain-management-customizacao-em-massa-340296.html

     -  ROCHA, Maria Alice, Customização em massa, Terra magazine, 02/08/2006 inhttp://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1085672-EI6785,00-Customizacao+de+massa.html

     - BARBOSA E SHOJI, Josiane e Marisa Yori: Supermecado de estilos: a moda aberta, Antena Web Revista Digital do IBModa, Edição número 02, outubro de 2006 inhttp://www.antennaweb.com.br/edicao2/artigos/artigo5.htm

     - CALDAS, Artemísia, A onda da customização, Overblog, 12/05/2007 inwww.overmundo.com.br/overblog/a-onda-da-customizacao

    - CALDAS, Artemísia , Customização, Fashion Bubbles (site), 21/11/08 inwww.fashionbubbles.com/2008/customizao/

*SITES:
- www.melissa .com.br
Marca de sapato

Marca de roupas, sapatos e acessórios.

Significado da palavra customizar por Maria Tereza de Queiroz Piacentini. Catarinense, professora de Inglês e Português, revisora de textos e redatora de correspondência oficial.

Sites que demonstram formas de customizar.

Texto: Customização, Carmim e tênis.
Autor: Stephanie Kohn

Revista Veja – Publicado em 07 de abril de 2006
Texto:Look Exclusivo             Autora: Marcella Centofanti





POR: Prof. Ana Tassi
Possui Pós-graduação em Moda, Cultura e Arte, título de especialista pelo Centro Universitário Senac, graduação em Desenho de Moda pela Faculdade Santa Marcelina (2003). , atuando principalmente no seguinte tema: moda; pós-moderno; customização.

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