REFLETINDO A MODA

MODA, ONDE ESTA VOCÊ?

  

Manhã do último domingo do mês, começar o dia com a leitura da revista Serafina faz parte de minha rotina, fico feliz com o artigo que encontro escrito pela ministra da cultura Marta Supliciycom o titulo MODA, o que é você, defendendo que a moda pode ser tratada como alta cultura pelo estado, assim como a música clássica (fazendo referência a alta costura francesa).

 O artigo apresenta resposta às criticas feitas aos caminhos que o destino da verba que via Lei Rouanet seria destinada à moda foi parar nas mãos do jovem e promissor Pedro Lourenço autorizado a captar R$2,8 milhões deste recurso.  Muito interessante à colocação e, como profissional da moda fico lisonjeada com a comparação considerando que moda historicamente sempre foi relacionada com futilidades, a diferença é que na música existem regras, referências e critérios já consolidados para saber quem pode ingressar na orquestra ou não. Dá-se importância e valor a cada instrumento, entretanto na Moda estas referências ainda não foram definidas e aguardamos que sejam construídas de forma clara.

O segundo ponto que aprovo na colocação da ministra foi apontar o entendimento da importância do museu na construção da identidade da moda.  Como designer de produtos de moda especializada em modelagem, a 30 anos no mercado, sou sobrevivente de todas as crises politicas e econômicas que passamos; encontro um alento quando me deparo com o assunto moda em discussão em abordagens tão pertinentes  como esta da revista Serafina, que tenho admiração e respeito.  

Aponto nesta direção da falta de um museu da moda em dois projetos que desenvolvi para cumprir os créditos do curso de pós-graduação, em 2008 com o titulo MEMORIA E TECNOLOGIA: um olhar estratégico para preservação da identidade cultural da moda brasileira, do curso Gestão do Design na indústria da Moda da Faculdade SENAI de Tecnologia do Vestuário;  retomo o tema  em 2010, desta vez no curso em Design Industrial da Faculdade de Tecnologia do IED com o titulo O DESIGN COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇAO DA CULTURA CONTEMPORÂNEA.

Nos últimos dez anos na área acadêmica me dediquei a pesquisar sobre o tema e a importância de um Museu da Moda, propondo a criação de um centro de estudos, misto de ateliê laboratório que incentive a pesquisa, com formato de museu interativo com espaços para pensar e desenvolver produtos de moda e design,  conceito de museu moderno onde se preserva a tradição e conta a historia do design, onde todas as questões relevantes seriam contempladas, colocando em pauta moda, cultura, identidade, sustentabilidade e responsabilidade social.

Se somarmos a vontade politica a todos estes ingredientes mais a diversidade nata brasileira, certamente vamos construir a “Catedral do nosso tempo”. Catedral contemporânea é um conceito de Marcelo Dantas, diretor do Museu da Língua Portuguesa, ele afirma que as catedrais que construímos revelam os valores da sociedade.

                          

Texto por: Prof. Maria Goretti da Silva, designer e professora do CST em  Design de Moda, unidade Vila Mariana.